Meu Anti-Amor
O Amor, o amor!
Que bonitinho!
Como supõe as coisas mais lindas do mundo...
Mas: Eu protesto caríssimos!
Qual! Pura melação!
É lindo o que sente? Lindo demais?
Então é amor o que deveras sente...
Lembra Camões? Lembra demais?
Então amas e pronto! Amais!
Mas acaso pergunta-me:
“Melação? Qual! Amo e pronto,
O problema é meu afinal!”
Sim! Debocho!
Não têm palavras,
Então dizem amor
Acaso não rima
a palavra anterior não é dor
Então apelam paixão
E depois usam o banal coração
Como é fácil falar de amor
Como são lidos os poemas tais
Como são ridículos
Como são falsos
Antes dissessem:
“Quero aquela p(*) e meter o p(*) nela”
Mas não, dizem:
“Quero aquela flor, e como sou beija-flor, vou beija-la, vou!”
Tudo bem! Podem beijar!
Eu também beijo! É vero!
E beijar é bom! Sim, eu também quero!
É sério!...
Mas que me desculpem os românticos,
Tudo bem, -(também sou, não parece...)
Mas se continuarem com esse lero-lero
A flor vai se entediar...
Essa coisa de corno – (“Só mais uma vez comigo, ou ou ou...”)
Essa coisa ui-ui-ui, ai-ai-ai
Que boiólice!
Parem com tolices
A galera esta é querendo dar
Dar fundo
Dar tudo
É uma espécie de Vinícius de Moraes
E isso eu garanto: é bem mais que amar!