O último amante do Lácio
Hoje não tenho mais sentido
Eu perdi a coesão.
Sou um ser muito ferido
Sem amor no coração.
Eu errei na concordância,
Tropecei na coerência
Percebi um pouco tarde
Teu valor,
Tua existência.
Nunca fui muito zeloso
Muito menos fui romântico.
Muito tolo eu rompi
Nosso elo tão semântico.
Caminhei pelo Barroco,
Visitei o Arcadismo.
Por ser muito Realista,
Esqueci o Romantismo.
Quando estiver mais sóbrio
Lembrarei a última flor
Que com sua simplicidade
Trouxe para mim o amor.
Quero pedir gritando
Que perdoe minha inocência
E falar ao mundo inteiro
Que ela é minha regência.
Na gramática do amor
Sou uma oração sem sujeito,
Sou um verbo com defeito
Que o paralelismo quebrou.
Eu queria que essa fase
Fosse apenas uma vírgula,
Fosse um fato banal,
Mas infelizmente tenho a certeza
De que nossa história
Tem mesmo é um ponto final.