Assoprando o Ar

Nada que se escreve é pleno

as letras esculpidas são feitas de medo

mas o rosto que me fala

é o que me mostra o espelho

e fala como a dizer um segredo

O vento não faz dançar a areia

na praia branca dos teus olhos negros

onde ondas estraçalham rochedos

onde a dor do amor permeia

Amo-te... Oh Deus! no limite das

minhas fronteiras

doí-me a perda do entardecer

a agonia que viria com a lua cheia

que desaba alvissareira no estertor da manha

Amo-te... Oh Deus! fere-me quando te leio

no tremor das aguas turvas

tecidas na roca de fiar

como um sol que se dilui e se curva

no contorno dos teus lábios vermelhos

assoprando o ar

alexandre montalvan
Enviado por alexandre montalvan em 04/07/2021
Reeditado em 06/07/2021
Código do texto: T7292851
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