SUPLÍCIO DE UMA ALMA

Suplício de um’alma lúgubre e ferida,

Em velados desejos, vejo-te em oração,

Fartos são os momentos que distraída,

Vês-me exorando o teu arguto coração.

Se tanto aspiro a este tão suntuoso afeto,

Não mais quero ser inquilino da aflição,

Festival de minh’alma em total desafeto,

Peço: não me tenhas por compaixão!

Tantas foram as vezes em que implorei,

Um amor inexorável, soma de emoção,

Tua infame recusa foi a ira que abracei.

Estou-me consumindo de tanta exaustão,

Dos teus caprichos, sempre me enganei,

Mulher fatal! Lancinante anjo da ilusão!

Riva. 033

Rivadávia Leite
Enviado por Rivadávia Leite em 19/11/2005
Código do texto: T73417