Espelho de mim...

Estou a ver-me num espelho.

Passaram uns bons anos.

Acho que não mudei assim tanto…

E eu a pensar que era crescida!

Tola, eu…

Miro-me, ingénua, a cair num abismo,

Onde outrora vivi.

Quando me apercebi da queda era tarde.

E hoje volto ao passado,

Relembro a mágoa,

O fardo que carreguei, cândida.

Nada destrói mais o que a culpa,

E dói porque o sofrimento não me corrompeu.

E eu que me via tão inteligente…

Tola…

Hoje não passo do que fui,

Do que maldisse,

Do que tentei fugir, esconder-me...

Sou a pessoa com quem vivi desde sempre,

Que reprovei toda a minha vida

E, hoje, a minha alma é um esboço da sua.

Voltei ao poço, onde nada mais existe,

Senão eu e os meus sentimentos,

Que vivem em confronto com a minha racionalidade,

Que teima em pensar,

Mesmo sabendo que não resistirá.

Tola, ela…

Tola eu, que pensei ter crescido…

Tola eu, que pensei não precisar mais de alguém…

Ingénua ao pensar que o sofrimento impede de amar novamente.

22 de Novembro de 2007