A Ilha ou Fuga a dois

Da vida quero meu quinhão.

Não, não quero ficar nas garras da águia.

Quero viajar nas asas do avião.

Longe dos olhos de um guia.

Transbordar em alegria.

Viver e amar...

Ir ver o mar...

Clamar pelo direito de ser livre.

Unir nossos gritos em uníssono.

Pedirmos liberdade para viver, amar, cantar.

Sorrir diante deste mundo já fraturado.

Ainda que não se venha encontrar eco, o desejo é real.

Faz-nos bem sonharmos que todos os caminhos se abrirão.

Que a liberdade é uma realidade palpável.

Da janela do nosso quarto vimos o mar esnobar beleza,

Vestindo-se de traje real se fazendo sereno, ondeando, colorindo de verde.

Indo até a areia se desfazendo em espumas e, carinhosamente,

Mandando ir embora qualquer tristeza.

Vimos o mar - uma imensidão de mar.

Vimos um mar, uma ilha e um barco.

Era um mar, uma areia, uma pedra.

Era um mar, um barco, uma vela.

Vimos o mar, um barco e um soberano sol.

Não pudemos desviar nosso olhar do belo nascer do sol.

Doce refrigério para a alma,

Que nos trás muita alegria e calma.

Ah, esse mar, que invade a alma,

Revira guardados, descobre segredos...

Ficamos cercados de sol por todos os lados.

Doce ilha - quase paixão.

Natureza, generosa - pedaço de chão.

Que nos deixou sonhar esperanças...

Sentirmo-nos como crianças,

Numa terra prometida, paraíso de areia.

Doce terra dos seres alados...

Chega a noite....

Estrelas azuis nos encantam.

Na janela do teu rosto,

Um convite não verbal irresistível,

Me atrai para dentro, do aconchego carinhoso

Do teu coração me fazendo sentir em casa,

Com todo amor que há lá dentro, convidando-me a entrar.

Hora, de amar...

Amar sem pressa, como quem tem a vida inteira.

Amar sem eira nem beira.

Amar sem tempo, de corpo inteiro.

Sem medo, sem constrangimento!

Que me afaga e me afoga,

Nessa fuga desenfreada do mundo fora de nós,

Neste caminho só nosso para o país do amor.

Antes que meu sonho acabe...

O inconsciente grita uma saudade

Que fala e se cala na ansiedade.

Tentando contemplar com olhos sem rumo,

Mas com passos firmes, os caminhos com nexos.

Busca de um sonho de altos e baixos,

Que não cessa na busca e procura

Ir ao ponto certeiro.

Consciente do amor verdadeiro.

Tempo - o mais malicioso inimigo oculto,

Que absorve e engole o corpo

E envia a alma para outro mundo...

Caminho certeiro, quase absurdo...

Esse tempo que nos faz cair na realidade.

Faz lembrar que somos mortais criaturas atreladas

Aos contratempos de existências violentamente apressadas.

Que nos faz percorrer caminhos sinuosos e estreitos.

Que impulsiona para o caos de nós mesmos em nossos peitos,

Nas nossas mesmices pela correria de um tempo

Que a ninguém pode esperar.

Mas como que por encanto, desejo...

Desejo que estes momentos estejam eternamente

Aprisionados em nossos sonhos.

............

Hora de voltar...

Já não importa se nas garras da águia

Ou nas asas do avião...

É hora de te deixares ir comigo,

Mesmo não querendo voltar jamais!

Difícil traduzir em palavras o que o coração bate forte.

Não é preciso palavras quando estamos nós a sós.

Emoções não são palavras e sim diálogos de sentimentos.

É só esperar nova bonança, novos empreendimentos.

Laerte Creder Lopes
Enviado por Laerte Creder Lopes em 22/11/2007
Reeditado em 12/06/2019
Código do texto: T748135
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.