Somente palavras

Porque é que me enganas,

Porque é que chamas a mim o que a outra chamas?

Sendo as minhas lágrimas água,

Nada mais viverei para sentir a dor.

Porque tentas calar-me,

Se o meu silêncio é reflectido nos meus olhos,

Que espelham o sofrimento que me adormece?

Nada do que possas dizer poderá fazer esquecer

As tuas palavras, aquelas que pensas dominar,

Que não entendes, mas proferes, sem pensar.

Sou mais do que compreendes

E sinto mais do que entendes…

Se o teu dito fosse sincero

Terias mais do que o meu corpo,

Porque saberia que a minha alma estaria segura,

Terias mais do que a minha mente,

Porque quem sente a verdade não consegue fugir,

Mesmo que seja a sua maior vontade.

E não entendo porque o teu coração sabe a mel

E no teu olhar vejo o fel que me destrói,

Aos poucos, sem saber porque continuo.

Continuo, insegura, pela rua que me amargura.

É arriscada, é escura e assusta-me…

Continuo, revoltada comigo

Porque sei que encontrarei um beco sem saída.

E, mais uma vez, ficarei estendida na rua,

Sem ajuda, sem guarida.

Serei mais um pedaço de chão,

Nada mais que um pouco de terra molhada

Que agrada a quem passa,

E da qual as pessoas se apartam.

30 de Novembro de 2007