DUAS LÁGRIMAS.

Sentindo nas frias mãos o seu afago

E nos seus olhos o desespero estampado

Gritando: - “Sou teu não me renegues,

Porque dentro de mim a tua imagem eu trago”.

Ela, mortal despreparada e assustada,

Com tanto amor que buscava asilo,

De um ser que se sentia intranqüilo,

Prevendo que de si seria afastada

Aquela que tanto carinho lhe dera,

Mas que, “eu te amo” nunca dissera.

E agora o condenava ao triste exílio

Em frio canil onde baixando os cílios

Deixou rolar duas lágrimas caninas

Como se fossem estrelas pequeninas,

Símbolo de sincero amor e fidelidade

De um cão pela humanidade...

29/06/03.