QUERO APENAS AMAR

Quero amar apenas esse amor libertino,

Sem pensar no tempo nem nas conseqüências.

Marcas de batom,

Mordidas e arranhões,

Esconder por baixo de polidas camadas

De auto controle.

Como luvas de látex,

Mordaças e focinheiras,

Que serão instrumentos de fetiche

Nas nossas horas de loucuras.

Quero apenas amar esse amor bandido.

Sem sábados nem domingos,

Sem feriados nem dias santos.

Que aparece no fim da tarde

E some no início da noite,

Porque o jantar esta na mesa

E o Jornal Nacional já vai começar.

Quero apenas amar esse amor vulgar.

E na vulgaridade ser apenas mais uma

Que norteia seu leme no caminho do seu deleite.

E entre puxões de cabelo e afagos delicados,

Vocifera que mulher apaixonada não se contraria

E morde-lhe o lábio num beijo apaixonado.

Quero apenas amar esse amor inominável.

Sem rótulos, nem bulas, nem credos, nem medos.

Nem meios, nem fim, nem começo do fim.

Quando tiver que acabar...

Acabou e pronto!

Sem choro nem vela,

Nem pensar no depois.

Hoje eu quero apenas amar...

Amar esse amor viajante,

Que no momento passeia pelo meu leito,

Mas que mantém seu barco atracado

Em outro cais que não é o meu.

Nada importa...

Quero apenas amar...