ele, o amor
Eu desisto um pouco do amor
todos os dias.
Antes do sol se pôr,
quando ele é minha melhor companhia.
Já me cansei de morrer de amor
e me enterrar sozinha.
Cansei de me apoiar sobre mim mesma
para levantar do chão;
meus joelhos doem
e tudo o que vejo à minha frente
é uma imensa escuridão.
Temo que minha própria solidão
acabe me roubando a sanidade;
e, apesar da pouca idade,
sinto meus ossos quebrando
e cada vez mais fracos,
toda vez que minhas costas tocam o caixão.
Não sei até quando
serei forte o bastante
para continuar tentando;
não sei até quando
meu calejado coração
continuará a bater,
e me assistirá sofrer,
e me ouvir suplicar pelo seu perdão por despedaçá-lo
novamente,
e, por mais que eu tente,
todas as decepções me trazem a confirmação
de que meu dever é escrever sobre ele;
minha profecia é imaginar sua imensidão,
seu calor,
e chegar tão perto de sentir seu perfume
que ele ficará para sempre grudado em mim,
mas nunca ser capaz de cruzar a linha de chegada.
Nunca deixar os desejos saírem do papel
e conhecer o amor mais bonito do mundo,
mas que é amaldiçoado
a permanecer confinado dentro da minha imaginação,
e eu mesma o faço.
E viver eternamente no "quase",
e no "e se",
e no "em outra vida, talvez".