Filosofia do Amor
O amor, dizia o filósofo Dietrich,
Não se trata do “eu”, não se trata do “ich”,
Trata-se antes de amar porque se ama
O que em si mesmo é belo e nos encanta.
A Amada aos nossos olhos: virgem santa,
Ternura que pelo olhar se derrama.
É um bem que se quer porque se quer,
Vê: “Eu morreria por essa mulher”
Esta é a maior certeza do amante!
Amar, e nesse amar ser desvairado,
Sem qualquer cálculo, medo ou cuidado,
Amar, simplesmente amar todo instante.
O amor, incompreensível a princípio,
Ele não cabe no coração tíbio,
Que de todo sofrimento desiste.
Porque quem ama de verdade sofre;
A dor transforma nosso peito em cofre;
O amor quando se oculta mais é triste!
Cofre, este, que guarda todo o tesouro
Do acalento, que perdido é apavoro,
Pois ele transforma a noite mais fria
Em calor, em euforia, em conforto!
Sem ele, todo homem de fato é morto,
Ser desfigurado pela agonia.
Homem, mulher, um e outro representa
O excesso ou a falta que se complementa
No amor onde se traduz toda a entrega!
O resguardo pro dia feliz vindouro,
As núpcias, a união, a coroa de louros
Que ao matrimônio o puro amor se lega.
Dizem que esse amor é coisa inventada,
Dizem que os poetas criaram u’a praga.
Mentira! O amor conjugal existe:
Se de nós, poetas, algo nos acusa,
Foi por pormos lume à essa coisa obtusa,
Que os homens esconderam, quando tristes!