O doce ficou amargo
Sem cerimônia, você invade meus sonhos,
Com um olhar fatal e uma fome de amor insana,
Mas antes do amanhecer, você se vai,
E eu desperto impregnado com seu cheiro.
Atordoado, abro os olhos, procuro-te e não te vejo,
E sobre um móvel antigo, me maltratando,
A nossa foto, sorrisos de luz, intimidando o sol,
Congelada pelo tempo, me faz lembrar nossos beijos.
A foto agora é moldura da minha dor,
Naquele tempo, transbordávamos alegria,
Hoje tudo é passado, nosso vínculo foi quebrado,
Sobrou o orgulho, a confiança foi perdida,
Acabou-se o diálogo, nosso laço se rompeu.
A dor e a saudade me consomem,
Restaram apenas lágrimas e a melancolia,
Há muita revolta em nós e em mim a luz se apagou,
Petrificado, isolado do mundo eu estou.
Evito ir para a rua, raramente me divirto,
Procuro outros caminhos, eu não quero reviver,
Os jardins e as flores que enfeitavam nosso viver.
Também evito o luar e as estrelas,
Com eles fazíamos juras, porém elas não vingaram.
Me restaram os sonhos para te encontrar,
Assim nós nos amamos com a pureza que em nossas almas há.
Apesar de atordoado, eu ainda consigo entoar nossa canção,
Na esperança que o meu cântico te alcance e toque o seu coração,
Talvez, para mim você decida voltar, e aconchegados,
Possamos recomeçar e eternamente nos amar.