Do Moderno Ao Parnasiano

I - sem ela, sou o avesso do que fui

me falta o norte

me sobram passos sem direção

um café esfria na mesa

a manhã passa como se não tivesse nome

as palavras tropeçam na língua

e o coração não sabe mais declamar

os dias, amassados como cartas não enviadas

os sonhos, gastos

como folhas pisadas no chão da rua

me olho no espelho

e não me reconheço inteiro

falta luz

falta ela

e tudo grita em silêncio

como se até o tempo soubesse

que algo precioso saiu do lugar

II - quando ela chega, tudo se ajeita

E quando enfim teu brilho me visita,

O caos se curva à tua direção,

És sol que a minha noite precipita

Em alvorada plena de oração.

Teus gestos, fina arte em porcelana,

Tuas palavras, música de abril,

Teu riso é canto puro de cigana,

Que desfaz no ar qualquer anil.

Contigo sou poema em ritmo e verso,

Sou obra enfim moldada pela mão,

Sou templo, fé, constância no universo,

Sou girassol fiel em devoção.

Pois és a luz que acende o que sou feito,

E amar-te, meu amor, é o que me endireita o peito.

W Solano
Enviado por W Solano em 05/07/2025
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