CORAÇÃO ATORMENTADO

Ficamos olhando, observando a meia-lua,

O espelho do outro

O olhar e a ternura

O respirar de amante, que se espera ser amante

Sem ainda o ser.

O abraço foi chegando perto do caminho

Ontem esperado.

Respirei o teu olhar !

O momento mágico, doce, como todos os amantes

Ligado pela fonte dos afectos.

Olhei à tua frente !

Adormeci no teu peito

E uma lágrima guardada de solidão

Desfez-se, embalada na tua ternura.

As tuas mãos descansando entre as minhas, silenciosas,

Quentes, descobrindo este amor infinito.

Se tu me amasses !

Ah! se tu me amasses

Eu seria a nudez das palavras, seria a neve brilhando ao sol

Seria o vento beijando-te a pele

Seria o beijo, o relampago,

Seria o tango que não dançámos,

Descalça eu te amei, e dancei.

Mas dos teus dedos escorrem palavras devagar

E o tempo corre tão depressa.

os teus gestos, parados, nos contornos das palavras

perdem-se entre os meus poemas.

Espero-te !

Já não sei se espero, sinto a neve que me gela entre os dedos

Aconchego-me nesta melancolia

E o tempo pára lá fora.

já nada sei...desta saudade...

Amália LOPES

Lisboa,3 janeiro 2008

amaliapoemass
Enviado por amaliapoemass em 14/02/2008
Código do texto: T859219
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