Presa da inconstância

Gostaria que as horas fizessem mais sentido

E que o gosto dos desgostos passados

Fossem fossos, degradados e perdidos

Eu queria pulsar, pelas frestas latentes

E queimar como chama constante

Mas o que sou eu nesse reles instante?

Um ser, meramente...

E ser o que eu sou não mais me garante

A sobrevivência, a cadência, a importância

Rotulo coisas, retiro tampas

E olho pra dentro da inconstância

Nada mais me surpreende

Nem me prende

Nem me lança...

Fixa estou, como esfinge

Na poeira que no pensamento se estanca

Nada mais me oprime ou aflige

Me agride ou me liberta...

Falta-me o ar que alimenta

Falta-me a cor, a luz, o riso

Falta-me tudo que preciso

E no entanto, eu vivo!

Salvador, 28/023/05 15:12h