Musa predadora

Eu quero arrancar do peito

Esse abafado grito

Esse som escasso

Esse malfadado mito

Que faz de mim uma Musa

Sem calor, sem emoção...

Que se transforma em pedra

Solene, fria, como um vulcão...

Eu quero te cravar as minhas garras

E sentir o medo nos seus olhos

Suas lágrimas deverão rolar

E eu assitirei você desabar

Sem um único ressentimento

Sem intenção de te magoar

Mas funciona assim

Choro primeiro eu

Sinto o primeiro sofrimento

De uma paixão sem chance de se perpetuar

Com data de vencimento...

Arranco de mim tal intrusa

E deixo o tempo passar

Basta simplesmente esperar

Ninguém consegue me apagar

Quando no coração deles eu entro...

Aí assisto a presa cair em si

Se arrepender e me procurar...

Eu não vou estar mas ali

Pronta pra acudir

Mas posso ainda o consolar

Ele teve o melhor de mim

E não soube aproveitar...

Então, ficamos amigos

Sem toques, sem ligações

Vão se embora as necessidades

Ficam sempre as comparações

É mais um que não deu certo

Uma paixão que não vingou...

Brota forte, morre fraco

Todo homem que me amou...

Salvador, 08/03/08 19h: 06min