Cantar à bela, seja lá como for

"Cantá seja lá cumu fô, se a dô for mais grande qui o peito, cantá bem mais forte que a dô...." (Gildes Bezerra)

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No circo sem lona desta vida

A nossa desdita é buscar o amor

Ou quem sabe cantar àquela que se foi

E assim roer com música o só

Até acabar com a dor

Cantar a mulher próxima, possível

A primeira, a derradeira, as idas

As do meio e a vindoura

Ou só cantar a beleza que todas têm

As mais feias e as belas adormecidas

As que se escondem nas torres

As que tecem em suas rocas

As mais quentes, a que no roça perto

As que pedem mais e mais amor

Ou só as que se fazem distantes

Cantar e tecer loas às leoas, valentes

As que são livres e às penitentes

As que freqüentam igreja

As que têm fé e nada sentem

As que só mostram garras e dentes

Cantar, cantar, seja lá como for...