VIAGEM

Se fora em Lisboa,

subiria a ladeira com Ricardo Reis

e temeríamos juntos, algum beco

de antigo e parco lampião.

Talvez um café entre silêncios,

cada um com sua saudade

se derramando quente,

em pires indiferente.

Haveria, porém, uma esperança

sob a ansiedade de todo não

a que ele e eu nos acostumamos.

Mas nem Lígia sou e o desamor

é sempre o que é...

irremediável dor

e seu remo de conduzir, o pranto.

Quem sabe no Porto eu seria feliz?

E o meu amor que julgara morto,

saltimbanco, torto, se assim ele fosse,

dobraria a esquina como quem diz:

- “vem, eu esperei tanto!”

Saramar
Enviado por Saramar em 05/04/2008
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