Brinco de Princesa
Adormeceu a flor da princesa
Pendeu no cacho de ponta-cabeça
Parecia uma lâmpada japonesa
O jasmim dos poetas no último perfume
Deitou-se no sono da madrugada
E nos escuros sem lume
Aguardou a manhã que raiava
Nesses jardins do poeta
E a manhã hoje chegou sem sol
Rompeu os azuis no fim do horizonte
Deixou para trás o perfume da flor
Trouxe consigo o cheiro molhado de terra
Do orvalho que caiu pela noite
E nos galhos onde pousavam as folhas
Desceu pelo caule em busca da flor
E de repente em gota parou
O jasmim ficou triste
Na alvorada só houve suspiro
As pétalas encaracolaram rodopio
E o aroma suave que ontem exalava
Hoje não voa por causa do frio
Ao primeiro toque sem luz da manhã
O solitário jasmim fechou-se sem fim
Era coroa de flor quase carmim
Despetalada no chão orvalhado do nosso jardim.