Brinco de Princesa

Adormeceu a flor da princesa

Pendeu no cacho de ponta-cabeça

Parecia uma lâmpada japonesa

O jasmim dos poetas no último perfume

Deitou-se no sono da madrugada

E nos escuros sem lume

Aguardou a manhã que raiava

Nesses jardins do poeta

E a manhã hoje chegou sem sol

Rompeu os azuis no fim do horizonte

Deixou para trás o perfume da flor

Trouxe consigo o cheiro molhado de terra

Do orvalho que caiu pela noite

E nos galhos onde pousavam as folhas

Desceu pelo caule em busca da flor

E de repente em gota parou

O jasmim ficou triste

Na alvorada só houve suspiro

As pétalas encaracolaram rodopio

E o aroma suave que ontem exalava

Hoje não voa por causa do frio

Ao primeiro toque sem luz da manhã

O solitário jasmim fechou-se sem fim

Era coroa de flor quase carmim

Despetalada no chão orvalhado do nosso jardim.

Fábio Pirajá
Enviado por Fábio Pirajá em 20/05/2008
Reeditado em 10/06/2008
Código do texto: T997674