BOCAINA

Este poema é dedicado ao amigo Geraldo Ângelo, um manifesto ao nosso reencontro, depois de tantos anos distantes.

No alto da Bocaina, em direção à Ponte Coberta,

Na estrada mal conservada, descalço quando menino eu andava

Em suas curvas tranqüilas um boiadeiro gritava “hei boi, hei boi”.

Lá longe, muito longe, com suavidade um berrante tocava.

E no calmo sossego meu pássaros cantavam a melodia certa

O gado ruminava, o cavalo relinchava quebrando a monotonia

De nossa alma e na baixada “mariazinha” exalava perfume purificador. Distante um homem devagar vinha - e eu gritava: é meu pai! - trazendo embrulhos que nos deixavam atordoados, mas seu conteúdo nos sustentava por mais um dia

No sol quente daquela estrada deserta uma sombra eu buscava

Bebia a água da fonte, depois sobre uma pedra eu sentava

Na paisagem as palavras se perdiam, entre a esperança e a alegria. Era só, somente só, o que eu sentia: vontade de me tornar vencedor um dia.

Na curva a poeira levantava, era Físico Ângelo em seu carro sorridente como ninguém, que com alegria no rosto punha a cabeça para fora e me saudava. Depois acelerava e partia; lá de baixo eu o via subindo o morro a menos de cem? Assustando o vaqueiro que na estrada caminhava para o bem

Passados são agora tão bem revividos. Naqueles tempos idos as enchentes que encheram os rios abarrotaram-nos de emoção e lembranças tranqüilas; de tudo ficou um pouco e faz-nos voltar agora à sonhos adormecidos.Vai saudade e diz a todos que há em nós amor avivando corações sofridos

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 23/01/2006
Reeditado em 21/02/2006
Código do texto: T102756
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