As flores de Otelo Serra

As flores de Otelo Serra

são imortais, permanentes.

Não se desmancham sob a terra,

são da arte, sementes.

Otelo sexagenário, boêmio, alma afim

descobriu-se artista, pueril, inocente

replantou um enorme jardim.

O cínico, ora vejam, tornou-se gente.

Emoldura com pétalas multicores

uma arte nova, diferente.

Fez-se jardineiro de eternas flores

sem perder sua atitude irreverente.

Errar, errou. Quem não erra?

Reconstruiu-se e cresceu. Não mudou.

Mudasse, não seria Otelo Serra.

07 de fevereiro de 2004

Este poema é dedicado ao grande amigo Otelo Serra, que achou na arte de compor quadros com plantas secas um abrigo para aliviar as dores do câncer.