O Poeta

O poeta sofre,

Embriaga-se em nome do amor,

O poeta morre,

E no túmulo, guarda tua dor.

O poeta delira,

E o que foi, não quererá;

Viver para a poesia,

Vida pior, não há.

O poeta nunca ama,

Sempre se apaixona.

Por uma linda dama,

Sofre o amor, e chora.

O poeta vive a delirar,

Ébrio, gênio indomável.

Canta o amor que sempre pôde amar!

Vive a vida, de modo inimaginável.

O poeta, ah, o poeta!

Nunca sabe que parou.

Tua alma, é sempre aberta,

O sonho que sempre adiou.

O poeta, tranforma o corpo,

Transforma a alma e o coração.

Sempre quer mais um pouco,

O fogo da nossa paixão!

O poeta, brinda os amantes,

Que amam em pleno fogo.

Sonham a vida, delirantes,

Usufruindo o delírio do gozo!

-No ápice da vida - diz o poeta,

Já vívi tudo,

Minha vida completa.

E deixarei este mundo.

Mas antes de partir,

Antes de ir,

Dá o poeta um suspiro,

E parte como um vampiro.

E os amantes bradam em pânico,

Ao ouvir os versos satânicos,

Proferidos ao luar da lua.

Que sorri, escarniando a penumbra.

E quando fores inverno.

Lembrai-vos do poeta jovem,

Que foi ao inferno,

Onde alguns nunca morrem!

Olha-te para o céu,

E comece a rezar!

Derrame lágrimas no véu,

Pois o poeta ainda há de amar!

Nem o fogo infernal,

Nem a paz celestial;

Hão de ressuscitar,

Hão de o poeta calar!

Um gole de absinto,

E surge a verde fada!

E de noite se embriaga,

Com uma garrafa de vinho!

Assim é sua vida,

A vida do poeta,

Estranha melancolia,

Uma dor discreta.

Incrível dor no peito,

Incrível delírio!

Diabólico devaneio,

Loucura do espírito!

Por quem nunca o poeta chorou?

Quem nunca, o poeta amou?

Áqueles que te odeiam,

Áqueles que te escarneiam?

Não! Não ouso mais querer!

Este amor é impossível!

Não quero mais te ter,

O meu amor, é desprezível!

A um poeta, que nunca soube amar,

Ao Homem, que sempre quis dar,

A ti, uma flor, uma rosa linda,

Pois tu é, tudo o que ele queria...

Beppo
Enviado por Beppo em 23/05/2006
Código do texto: T161123