Anjos sem rumos

Escolhi e preparei um solo forte,

E nele plantei, minha divina semente!

Esperando de Deus, uma melhor sorte,

Para estar no meu futuro, passado, presente...

~

Logo lhe percebi germinado,

E assim brotando em um pequeno botão

Era um pequeno ser, que vinha me encantando,

Então esperei feliz, por sua primeira floração...

~

Fora assim que te cuidei pelas noites e dias,

Esperando por ti, como a redenção de meus pecados!

Mas o destino é cruel, e age em picardia,

Apodrecendo por vezes os frutos sazonados...

~

E ao ver que pequeno botão não floriria,

Chorei como a mais forte chuva de inverno

Apanhado como um escravo pedindo alforria,

Ao conhecer o mais profundo dos infernos...

~

O botão secou, dando um fim aos meus sonhos,

E eu que lhe esperava, ser o mais belo do jardim

Assim virou um pesadelo, tétrico e medonho,

Dando a minha alegria um póstumo fim...

~

Para ter-te, daria tudo que fosse preciso,

Mas com o sonho desfeito, a vida perdeu o sabor

Pois quando partiste, para morar no paraíso,

Levaste contigo, um pouco de meu amor...

~

Sinto-me como uma velha árvore tombada,

Que em seus galhos secos, não brota mais a vida

Esquecida a beira de uma estrada abandonada,

Apodrecendo como uma imagem perdida...

~

Quero-te anjo perdido, pois eu te amei,

E eu te desejei mais do que imaginava

Mas acordei com um pesadelo quando sonhei,

Percebendo que ao meu lado, tu não mais estavas...

~

A cada estrela que nasce, um anjo morre!

A cada anjo que morre, uma criança nasce...

*Em memória de Maria Eduarda Ramos (26/06/2005)

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 28/06/2005
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