A Culpa de Volpi

para o Alfredo Volpi

Nenhuma cor pode pintar o silêncio do poema.

A fome alva da tela onde pousam as letras,

reproduz o palpitar colorido das formas

ainda embrionárias numa paleta de Volpi.

Volpi... poderiam ser apenas triângulos, quadrados

e retângulos misturados à clara e à gema

da imaginação tinta das pessoas.

Mas eram músicas disfarçadas de cores,

bandeirinhas coloridas de uma cena cotidiana,

onde crianças alvoroçadas corressem descalças

num gramado acolchoado,

e a bola...

a lua cheia como um poema a ser escrito.

Descobri o motivo pelo qual

a cor invariavelmente inesperada do poema,

por vezes, silencia.

Vai abraçar-se à alvura ingênua

daquelas bandeirinhas

- e somente das bandeirinhas

que o Alfredo Volpi

deixou de pintar.

Cissa de Oliveira
Enviado por Cissa de Oliveira em 14/11/2006
Código do texto: T290788