IMIGRANTES

De uma terra, distante,

Partiram nossos avós,

Fugindo da fome atroz,

E da miséria cruciante,

Preferem ser imigrantes,

E viver seu dia-a-dia,

Driblando a nostalgia,

A ficar no próprio chão,

E ali, viver na aflição,

Sem chances de melhoria.

Brancos lenços a tecer,

Derradeira despedida,

Daquela pátria querida,

Do solo que os viu nascer.

Bem antes do anoitecer,

Lá estavam em alto mar,

Forçando não se abalar,

Seria este, um sonho lindo?

Sabem que estão partindo,

Não sabem se irão chegar.

Trouxeram na bagagem,

Apenas recordações,

Sonhos, porém, aos milhões,

Da vida, a aprendizagem,

Fé, ousadia, coragem,

Que lhe serviram de alento,

Na busca do seu sustento,

Nas horas de agonia,

Quando a fome batia,

Sem qualquer abrandamento.

Desconhecidos heróis,

Pagaram um alto preço,

Pelo seu novo começo,

Sem guias, nem faróis,

Tendo humanos lençóis,

E, o calor dos animais,

Nas frias noites invernais.

Seu lema era prosseguir,

E, vida nova construir,

Sem desanimar, jamais.