O JARDINEIRO E A ATRIZ

O JARDINEIRO E A ATRIZ

Para a Estrela banhada de Azul,

ANALU PRESTES.

Luna, Lua, Luana,

aquela que faz fotogravuras,

descortina em cena

a escritura das amarguras

do pássaro branco da Nova Inglaterra,

da Imperatriz do Calvário.

Luana, Luna, a Lua vaga sobre o Rio...

Venha cá, Lua!

Venham cá mistérios, adivinhos, poetas, profetas,

artistas, alquimistas, mágicos, melancólicos,

vejam todos, aqui e acolá e alhures!

Venham ler o que nunca foi escrito,

a memória da Festa do Incomensurável.

Apenas um clic e a magia na fotometeoro:

eis, então, em luzes,

os registros dos Autos do Mundo Natural,

e, em poéticas grávidas de interrupções,

ver o dia crescer, viver e morrer

entre o céu e o chão.

Branca Lua, Luana, Luna,

eu invoco imensidões!

Eu, jardineiro, regido por Saturno,

em reclusão na Mata Atlântica de Santa Genebra,

solitário-desperto das campinas dos Jequitibás,

disposto e pronto a disparar a agulha magnética da esfera...

Ela gira, gira, gira rumo ao ver-ler do olhar maestro,

do avistar “praestus” da atriz que,

em astrobotânica,

resgata outras matas, outros jardins,

recupera distantes horizontes,

passagens...

O olhar pássaro da Lua flutua na Lagoa,

decompondo a luz e

astrofotografando signos das Terras de Vera Cruz.

Em busca do texto visual do presente despedaçado,

denuncia o machado assassino da História e anuncia,

em meio à fotossíntese,

as imagens-sínteses daquilo que foi destruído,

do “kosmo” primordial.

Visar, disparar e atar as duas pontas,

o pretérito e o presente.

A acuidade visual pressente

a visão do mundo num grão de areia,

e do céu numa flor,

eis a Festa Profana!

Lua, Luna, Luana, AnaLua,

eis a Festa do Clarão,

da visão soberana,

de todas as cores,

da branca solidão.

Flora, fauna,

bloom!

Folhas, flores,

troncos, galhos,

água, terra,

as “klipot”... as cascas,

os estilhaços, os fragmentos,

eis as centelhas da Criação!

SÍLVIO MEDEIROS

Campinas, é primavera de 2013.