RIO DE JANEIRO

Eu era novo lá no Rio de Janeiro,

Mal sabia sobre o rio que é de fevereiro.

Não entendia a Bahia dentro da Guanabara,

Porque Bahia estava lá onde minha avó vivia.

O Rio capital do carnaval e do samba,

Eu ouvia na televisão do vizinho.

Eu era cristão de pai e mãe,

E no Rio o redentor me abraçava.

Eu era sambista e não sabia, cristão de fantasia.

O rio da mulatas quase nuas,

Proibidas na sala e nas romarias,

As mulatas que, eu só, com minha mão, fazia.

Eu era muito novo para putarias.

Mas o Rio mudou me acompanhando,

Foi de capital para ex-terra de malandro.

Cresci no samba sem o samba de raiz,

Senti na pele o que todo mundo diz,

Enquanto se é novo não se sabe o enredo,

Quando o tempo passa sai o samba e entra o medo.

O Cristo me cobra a entrada da felicidade,

Se já tem idade não interessa a opinião.

Pode ser ateu de carteira e confissão,

Entrega a entrada comprada e não perca a oportunidade,

Ser carioca não depende de identidade,

Tem que ser por vontade.

Sou carioca de nascença e paixão,

Mas não sou mais criança que acredite em assombração.

Viva o rio que me quer desde que eu viva para saber,

Pacífico ou violento, O Rio não é fácil de esquecer.

Desculpe-me mas me bateu uma vontade danada de falar sobre a cidade em que eu nasci.Se o texto é fraco (e é mesmo) a vontade foi forte demais.

Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 16/12/2004
Código do texto: T620