“POESIA DAS MÃOS”

Barro

Indígena tesouro das terras Paraíbas

Branco e negro dourados pelo sol do Vale

Sedimentos dos rios transformados no pote do ouro puro ancestral

O amassar do barro in natura já foi lida de povos e gerações

Mesmo que já não existam, perpetua-se o molde que exala o aroma da queima primeira

Dos utensílios dos índios puris às panelas de dona Dita Olímpia

O uso cotidiano atestando a maravilha do barro pescado no Doce rio

Transformado em pó o barro purifica-se à espera da água restauradora

A massa que só o ceramista sabe fazer aguarda à sombra pelo dom da criação

Do tijolo ancestral vem o forno acolhedor nos seus desníveis perfeitos

Noborigama queimando o eucalipto caseiro de refloresta altruísta

Biscoito, arroz: alimentos da arte

Chamas, cinzas, esmalte: temperos da cozinha cunhense

A porta lacrada na véspera descortina o sem-fim de formas e cores

Quantas surpresas o forno revela aos ansiosos olhos

Do barro veio o ceramista

Do ceramista, a peça exclusiva

Rinaldo Saracco
Enviado por Rinaldo Saracco em 23/05/2018
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