Um Sêo Mané

Ansiava seu punho a chover palavras para sonhos

que em sua (des)inutilidade crescessem corixo a ribeirão

findando a secura da terra

desse de beber à busca e batizasse o achado

regasse a imaginação, jeito único.

Não coubesse em pensamento pronto

e transgredisse,

transbordasse ao olhos, à boca, às mãos,

ressignificando o sujeito, modo lindezamentos.

Pretendia o som da letra a roçar papel,

emprenhando possibilidades,

crescendo barriga,

brindando achadouro às nascenças.

Aspirava bestagens enamoradas,

o emparelhamento de órgãos -

procriação de infimidades.

E fez!

(Para Manoel de Barros, poeta ilustre de minha terra)