Brumadinho

Pobre gente, pobres arvoredos, pobres casas
Pobres flores despetaladas, o que fizeram
Com vossas intrínsecas belezas naturais?!

Pobres de vós agora sob a lama
De ferro e aço acabados, mortos milharais,
Cafezais em flores, hortas e hortaliças
No morro de Brumadinho em Minas Gerais.

Mas Brumadinho sem brumas jamais verás.
Lobélia de despudor que os olhos encantam.
Também morreu, não resistiu à enxurrada
Da Vale do rio amargo, quando a barragem estourou.

Sois delicada e desmilinguida agora,
Montanha de Brumadinho
Mas a seus pés está o rio Paraopeba
De joelho rezando para Deus Nosso Senhor
Pedindo paz na terra aos homens de boa vontade.

Dálias amassadas, corolas sem cores, cheias de fé,
O sol poente das tardes vos confortará, irmãos,
Nas doces montanhas de Minas! Que sina meu Deus
Ver tanto corpo embaixo da lama de ferro e aço.

Ah, jovem Vale de Ferro e Aço das Minas Gerais,
O que deu em vossa nobreza, o que aconteceu
Para que deixastes a barragem se quebrar?
Sugiro-vos a tecnologia seca, sem água,
Para nada mais desabar nas montanhas de Minas!

Vamos falar de amor, não deixais a cadela uivar
Sob a luz do luar, as ruas de Brumadinho têm nomes
E seus morros ficam bem perto do céu.
O brilho das estrelas a vida do povo irá clarear.

De esperança infinita segue de mãos dadas toda gente
Cantais canções para confortar na madrugada serena
Sempre próxima do amanhecer de luz
Esqueçais o silêncio e sigam todos à mesma direção.
Porque nossos corações não pertencem a ninguém.
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 28/01/2019
Reeditado em 08/03/2019
Código do texto: T6561784
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