Religião das Conveniências (uma denúncia à B.)
Quem vê, quem vê?
O que se esconde,
Por medo
Do contato.
Só vêem, só vêem.
O manifesto,
Que implora
Por atenção.
Lhe provém, convém.
Quando chora pelo seio.
Comovem-se
Com o pranto inventado.
Mas o que há por debaixo?
Senão o moribundo
Que sofre em silêncio,
E suporta a opressão?
Senão o estranho?
O desagradável.
O obscuro.
O fraco.
Uma vez que é mais fácil,
Observar o terreno
De cima para baixo,
E pisar sem saber.
Se é de fato mais fácil,
Depositar as angústias
No que não se defende.
Enlamear a esponja.
Para clarear as mãos.
Para se distanciar.
Para sentir a leveza.
Para se santificar.
Criar novos Luciferes.
Demônios de barro.
Ímpios da mente.
Neles, projetar.