Religião das Conveniências (uma denúncia à B.)

Quem vê, quem vê?

O que se esconde,

Por medo

Do contato.

Só vêem, só vêem.

O manifesto,

Que implora

Por atenção.

Lhe provém, convém.

Quando chora pelo seio.

Comovem-se

Com o pranto inventado.

Mas o que há por debaixo?

Senão o moribundo

Que sofre em silêncio,

E suporta a opressão?

Senão o estranho?

O desagradável.

O obscuro.

O fraco.

Uma vez que é mais fácil,

Observar o terreno

De cima para baixo,

E pisar sem saber.

Se é de fato mais fácil,

Depositar as angústias

No que não se defende.

Enlamear a esponja.

Para clarear as mãos.

Para se distanciar.

Para sentir a leveza.

Para se santificar.

Criar novos Luciferes.

Demônios de barro.

Ímpios da mente.

Neles, projetar.

Rafael Gonçalves
Enviado por Rafael Gonçalves em 11/10/2019
Reeditado em 17/10/2019
Código do texto: T6767217
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