De mim mesmo.

Durante

A escura mansidão

da noite, penso

Em meu viver errante

Na mais pura vastidão do espaço

Flutuando...distante

Novamente menino eu sou

Sem nome, endereço ou destino

Creio que seja Deus

Que, do alto de Sua bondade

Permite

Esquecer-me

A mim mesmo por breve instante

Sereno, adormeço

E posso alhear-me até mesmo

Dessa ingrata missão

Que divide constante

O custo

De tudo que é certo

No momento exato em que passa a ser justo

Finalmente, e apesar de delirante

há paz

O amanhã faz lembrar-me

Que a verdade do universo

É uma grande mentira

Virada ao avesso

Pois eu creio ser impossível

Todo mundo ter optado

Em ser só isso

Um lugar onde paz tem preço

Em mim mesmo, adormeço

Sonhando não ser mais eu

Me despeço

E de mim me esqueço.

Edson Ricardo Paiva.