A Velocidade da Luz.

Um sonho em preto e branco

É sempre um sonho

Pois ninguém que há neste mundo

Nunca sonha por vontade própria

O vagabundo que sonhou ser luz

Iluminou todo o universo

Em sua vasta imensidão

Pra descobrir que só ser luz não basta

E concluiu

Que, por veloz que seja a luz

O seu destino é sempre o escuro

E que o vento que arreia a floresta se vai

Sobrando sempre um ipê que cai

Aquele vento que passou

Não há de voltar jamais

Mas ninguém vê

Não perde tempo a pensar

E nem pensa

Que quem derrubou o ipê não foi o vento

Foi o tempo, que o fez crescer

As árvores que não caíram

Se vergaram por sabedoria

E jamais em reverência

Um sonho em preto e branco

É como um sonho colorido

Pois todo aquele que não tem ouvidos

Desconhece o som de um ruído

E pra ele é boa a vida e o mundo é bom

E cego e surdo como a luz

Veloz me sento à sombra de um ipê

Entrego ao chão o sal de uma última lástima

Pra que deixasse ficar

No vácuo que há em volta de mim

Um espetáculo de luz e de som

E concluí que a vida foi um sonho muito bom

Pois meu mundo sempre foi desse jeito

Eu aprendi a ser feliz assim.

Edson Ricardo Paiva.