Pomares
Nas trilhas da minha infância
vejo tua sombra nos quintais
sorrindo entre galhos e distância
que não recupero jamais.
Minhas mãos de envelhecidas linhas,
escrevem outras tantas em vão
longe estão os pomares e vinhas
tênues espasmos de recordação.
Tua pele jambo. Teus olhos jabuticaba.
O doce mel da manga, tua boca.
Desejo de sonhos jamais beijada
por minha timidez cabocla.
As trilhas, os trilhos do trem,
deixaram para trás quintais e pomares
prédios, estudos, ser alguém.
Trocaria tudo por teus convidativos olhares
Ouro Fino, 2002