Não te explicaria

Não consigo explicar

Nem tu o entenderias

Como se partiram os meus dias

E se torceu a existência

Num insignificante rumo,

Fado assombrado

Que agora evoca fantasmas pretéritos

Mais do que na ressaca

Das escolhas que fiz.

Não abrirem mais os olhos

Receio ver o vazio infinito

Que diante de mim se estende,

Não pretendo ver as formas dos espectros

Que ao ouvido me atormentam

E deformam meu pensamento

Epicentro deste sulco negro

Que suga toda a luz á minha volta.

Renego completamente de o explicar

Ou de os abrir,

Mesmo se entendesses

A passividade dos meus dias,

Minha fraqueza,

Fim da vontade

Ou típico defeito da minha natureza

Mas prefiro os conservar cerrados

E aguentar os dias que invento

Que enfrentar o desconhecido

Escolho conformismo em seu detrimento.