Cadê?

Cadê...

foste para um mundo distante

adiante da composição de carbono

e me largaste neste mar de abandono,

ou ainda habitas este universo?

Não mais entendes a semiótica

ou repudias os meus simplórios versos?

Rompeste as relações comigo

ou me tens com segundas intenções,

muito além do natural convívio?

Por acaso, ganhaste na loteria,

casaste-te com aquele antigo amor?

Ou te apaixonaste pelo Cristo Redentor,

ou te enclausuraste no convento de Maria?

Cadê...

dói acreditar que perdeste o entusiasmo

pelo nosso relacionamento e sua mantença;

enquanto eu rasgo as noites claras, feito asno,

relutando com a vacuidade de tua ausência.

Cadê...

tu, de me falar, exauriste a vontade?

Aliás, quem sabe a saudade

nunca teve a morada por esses lados

do Rio de Janeiro ensolarado?

Assemelha-te à efêmera chuva

que desaba na aridez do Saara:

não refresca, não molha,

nem alaga e vai embora...

Cid Rodrigues Rubelita
Enviado por Cid Rodrigues Rubelita em 20/06/2006
Código do texto: T179195