Inconstante

Há dias resolvi:

"Hoje eu desapareço"

Me desculpa se não consegui

E se por isso te aborreço

Mas o que fazer se não te esqueço?

Tentar, até tento

E tenho tentado tanto...

Mas, você continua aqui dentro

Desse peito, todo pranto

Passei semanas inteiras

Buscando todas as maneiras

De fazer o que me propuz

Mas sem você por perto

O dia ficou sem luz

E o meu jardim, um deserto

Minha vida ficou vazia

Uma coisa inerte e fria

Que acabei me cansando

Do escuro e da aridez

Me despi da minha altivez

E despedacei a barreira

Que erigi entre nós

Precisava ouvir tua voz

Ao menos mais uma vez

Mas, não se preocupe comigo

Eu sempre me contradigo

Não tente me levar a sério

Porque, isso, nem eu consigo

E se eu tornar a sumir

E aparecer por aí, num rompante

Não fique com raiva de mim

Por eu não ser confiável

Faz parte de mim ser instável

Sem me aquietar um instante

Sempre assim, inconstante

Pêndulo oscilante

Pois se de perto é ruim

Pior o aperto, distantes

Sempre amando, nunca amantes

Constantemente, assim

Lutando uma luta inglória

Inglória ao menos pra mim

Porque vivo essa história

E essa história não tem fim...

Flávio Sant'Ana Lopes

23/06/2006

Flávio Sant Ana Lopes
Enviado por Flávio Sant Ana Lopes em 23/06/2006
Reeditado em 26/06/2006
Código do texto: T180827