POEMA PARA TODOS OS POETAS ENCANTADOS ( TURMA DE HÉLIO PINTO FERREIRA ) SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – 1984/2006

Mortos, os meus amigos estão mortos!

Não vivem mais de modo objetivo:

Apenas os seus versos são visíveis,

Impressos no papel – eles sumiram!

Mortos, os meus amigos estão mortos!

Eu os chamo pelas ruas , menestréis

Que foram, mas, de fato, mesmo a lua

Já não brilha se os nomeio agora...

Mortos, os meus amigos estão mortos!

No bar, as mesas nada sabem sobre

Sofríveis pensamentos derramados

Em simples guardanapos de papel,

E os copos de cerveja se quebraram

E há muito que a fumaça dos cigarros

Se evolou como trágica metáfora

Àquilo pelo qual todos passaremos...

Mortos, os meus amigos estão mortos!

A cidade, no entretanto, continua

Girando as suas máquinas vorazes,

Industriais – os nervosos teares...

Mortos, os meus amigos estão mortos!

Agora - o que fazer? Rasgar as vestes?

Vestir-se de sacos, solicitar

A Deus milagres , corpus ressurrectos ?

Mortos – os meus amigos estão mortos?

Mas que falácia: o túmulo sofisma!

O certo é ampliar a vista e vê-los

Ah! vê-los descansar aos pés das musas!