PEDAÇOS DE MIM XLVIII

És minha ausente aquarela
onde a vida é em preto e branco,
há muito não consigo entrar nela
e quando me sinto assim perdida,
os sentimentos na alma tranco
e tormo-me poesia empobrecida.

O pincel trava a mão e trinca a emoção,
num tempo de sonho já não cativado
o hino de amor só cantava solidão,
em silêncios o fim era anunciado...

As noites trançavam cores de despedida
e o teu olhar sem luz só pintava
folhas secas em dias de outono
e em gotas, a saudade já respingava...

Eu apenas queria uma rosa amarela
enfeitando a parede nua do nosso quarto
e a fleuma de corpos em sereno sono,
sem o tom borrado do abandono...





24/12/2009
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 30/12/2009
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