VELHO LAR.

Atravesso novamente os umbrais

Dessa habitação antiga

Como que revendo uma velh'amiga

Que dividi com meus pais.

*

OH!Quanta desolação

Agora nessas paredes puídas

De emoções remoídas

Que aceleram o coração.

*

Fecho os olhos e deixo o pensamento

Voltar para o passado

Época de contentamento

Reminiscências de um ninho consolidado.

*

Minha irmã vejo na varanda

Com suas bonecas brincando

Sua face branda

Seu riso ecoando.

*

A mãe na cozinha

Preparando a refeição

No quarto a "vozinha"

Tricotando com dedicação.

*

Vejo minha princesa*

Admirando as rosas no canteiro

Sua fagueira beleza

Com as crianças brincando no terreiro.

*

Mas volto à realidade e este lugar está deserto

Apenas um claudicante cão de guarda

De mim vem para perto

Saltando a custo roçar-me a testa parda.

*

Tudo mudou-se!O outrora belo jardim agora jaz inculto

Megulho os pés nas plantas selvagens ,espalmadas

As borboletas fogem am multicoloridas manadas

A cada passo do meu melancólico e calado vulto.

*

Um enfeite de natal

Balança ao vento na port'arruinada

Um'aranha sua teia de cristal

Estende ao sol,delicada.

*

Passo os dedos na tinta desgastada

Ao longe ouço um mavioso canto

Então não contenho o pranto

Caio de joelhos nos fragmentos da calçada.

*

Levanto e enxugo o rosto

Despeço-me de meu canino companheiro

Engulo a lágrima de desgosto

Até o portão caminho ligeiro.

*

Adeus!Casa de meus pais!

Onde vivi alegre história

A levarei viva na memória

De meu peito sairá jamais.

*

Então por sobre os ombros

Sob a luz do luar

Dirijo um derradeiro olhar

Ao meu velho amigo em escombros.

*Amada.

*

Arcanjjus Negrus
Enviado por Arcanjjus Negrus em 16/10/2010
Reeditado em 16/10/2010
Código do texto: T2560528