Quinze pra Meia-noite

É tanta coisa pra fazer

Tanta vida pra acertar

É pouco tempo pra viver

E um novo tempo a cavalgar

Mais rápido que me lembrava

Sou resquício de outra hora

Um tempo em que me chateava

Com o tempo e sua demora

E se passaram alguns verões

Os tempos quentes aumentaram

Mudaram músicas, estações

Meus sentidos se ampliaram

Passei a sentir paixões.

Meu coração pegou no tranco

Em uma época de intermédio

Caíram alguns barrancos,

Morei em casa, morei em prédio

E a memória deu um branco.

(Pela primeira vez, eu sei)

Hoje lembro de ruas onde andei

Com passos de ansiedade

Lembro de curvas arborizadas,

Da Praça da Liberdade,

De outonos belos e claros

De invernos, passeios de carro

Lembro do fim de uma dinastia

Do fim de um tempo que só existia

Ali, e naquele momento

Congelado naquele frio

Conservado naquele vento

Mas que sobrevive até hoje

Impresso em meu pensamento.