O que na vida eu sou
Andei sem rumo um tempo.
Encolhendo os ombros sem voz,
Repetindo idéias sem inovar.
Falei pouco dos meus medos;
No mais, reproduzi o que diziam
E como foi incômodo olhar a vida passar da janela...
Fiquei um tempo ensimesmando,
Confiando ao silêncio minhas confidências,
Dissipando impressões em calados reclames.
Os dias passaram sequencialmente iguais,
E não adianta perguntar, não há nada para contar
De entusiástico, fantástico ou anormal.
Tudo tão genericamente estranho,
Simbolicamente distante e inquietante.
Penosamente sem sentido, parece.
Ficou, disso tudo, a impressão que me situei
Em uma camada até então desconhecida de meu ser
Quem sabe estive passeando por um tempo?
Agora fica nítido, entretanto, como o olhar onipresente,
Que carreguei comigo, aonde fui, tudo aquilo que sou
E o que eu sou é o que na vida eu conquistei em mim...