Post-Scriptum

E quando penso: chega, buscarei o completo desapego!

Eis que toca nossa música, procuro refúgio

em meu travesseiro, e adivinhe

Lá encontro o seu cheiro, vou para a rua

Um drink ou dois deve matar essa fome

Mas no caminho os outdoors me lembram seu sorriso

E a menina do mercado tem o seu nome

Procuro uma sombra, peço a Deus que me livre

Abro um livro, Dostoiévski me dê um auxílio

Mas as letras dançam e não entram na cabeça

Amar assim deve ser um crime, penso

Viver sem notícias tuas, o meu castigo

Ver-te vertiginosamente em todos os lugares

Menos comigo não é bem o que eu esperava

Do destino, mas quem afinal espera o pior

De quem se quer tão bem?

Que desatino.

Por fim, percebo meio desolado que não há como

Escapar de algo tão violentamente impregnado

Dentro de mim.

Em minha mente, em meu coração

Em meus rins. Desejaria eu expulsar-te assim

Rápido e indolor, uma execução sumária

Uma injeção letal em nosso amor

Um belo verso em nossa lápide

Inda teria a consideração de compor

Uma pena isso não ser possível

Esse tipo de coisa não morre fácil, que problema!

Sentimento que se transmuta

Primeiro em dor

Depois em poema.