Tão você...

Esta necessidade constante de ser abraçada, de abraçar...

Esta tristeza oprimindo o peito de tal jeito, que fica difícil

para o coração pulsar... Este cansaço de dizer "eu estou bem",

com a alma dilacerada, por saber que não há ninguém que

realmente esteja interessado em saber... Esta falta de amor,

este desespero por me sentir amada, esta solidão de deserto,

este silêncio de Campo santo... Por que esta dor que nunca

cessa, esta saudade impregnada na alma, esta lacuna que

nada no mundo preenche? Porque ninguém tem seu cheiro,

a sua forma de tocar, de beijar, de abraçar, o som da sua voz...

Estou morrendo, sim, e não me importo, nada mais importa,

depois da certeza que o perdi para sempre, que nossos

caminhos, juntos, são irremeáveis... Tenho a impressão de

que algo invisível e misterioso me vendou os olhos e selou

meus ouvidos, pois já não vejo o azul do céu nem a luz do Sol;

não ouço o cantar dos pássaros nem o clamor do mar, apenas

me resta sentir o perfume das flores, mas que castigo...

Também ainda posso sentir o seu cheiro, que ficou impregnado

em nossos lençóis, em nossos travesseiros... Em meu corpo

faminto do seu, do seu toque... Quem sabe um dia o milagre

aconteça e eu já não seja mais eu... E tão você...