Sempre aqui

Quando tua morte chegou

Eu já estava preparado.

Havia organizado os papéis,

Havia pensado os detalhes,

Havia ensaiado as lágrimas

E os comedidos gestos fúnebres,

Mas não me preparei

Pra tua ausência!

Agora não sei que fazer

Com o espaço de sobra,

Com o segundo lugar do sofá,

Com a comida que é sempre muita,

Com o silêncio depois do bom dia.

Tua morte foi toda de uma vez,

Tua ausência chega toda hora.

A morte é aguda,

A ausência é crônica.

Tua morte ficou no campo santo,

Tua ausência está presente nas fotografias.

Belas doutrinas nos ensinam

Que a morte não é o fim,

Mas é sozinhos que temos de aprender

A viver com o sem fim da ausência.

É sonzinho que aprendo

A viver com o sem você aqui...

Glaucio Cardoso
Enviado por Glaucio Cardoso em 10/04/2015
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