QUERIA...

Queria novamente o brilho do teu olhar,

sua intensidade me devassando além das

retinas, falando tudo que eu queria ouvir,

sem emitir uma palavra...

Queria tua boca sumarenta e doce, teus

lábios tenros como fruta madura, teus beijos

que me tiravam o fôlego e o chão...

Queria dormir de conchinha, nossos corpos

tão perfeitamente encaixados, o côncavo

e o convexo pós paixão, tua respiração no

Meu ouvido, leve como o ciciar da brisa...

Queria os recadinhos escritos em qualquer

pedacinho de papel, mas que continham

toda a ternura e carinho que eu precisava,

quando os encontrava, horas depois que

havias saído e a saudade já apertava...

Queria romper as barreiras cinza que limitam

meu mundo, voltar a sonhar colorido, descobrir

o que se oculta sob as asas frágeis da brisa

peregrina que passa, me acaricia, sussurra e se vai...

Queria novamente sentir o encanto do luar que

se descortina, caindo em ondas como um dossel

de prata, revelando a magia da noite... Como tudo

isto me parece distante, e hoje, impossível...

O que restou, foi o luar sobre a minha saudade,

minha solidão e insônia...