Entre a Dor e a Saudade

Momentos de tristeza e abatimento,

Envolvem meu ser na luta pela vida.

Poderia o momento ser breve e suave,

De algum jeito cessar todo o sofrimento.

A vida teima e o movimento não é leve.

Ouço as vozes a desafiar os meus sentidos:

Faça desse jeito, faça aquilo, isso não deve,

Lute sempre, acredite, não se entregue.

Queria que todas essas vozes cessassem,

Seria bem melhor um afago, um carinho.

Como lutar se já não há mais forças,

Se até mesmo o ar já está por faltar.

Horas muito longas custam a passar,

Aquela dor que não quer ir embora,

Persiste sob os efeitos dos medicamentos.

A sonolência, o enjoo, falta o apetite,

Tem que comer mesmo sem paladar.

Oh! Meu Deus!

Podia logo me levar!

Mesmo assim, vultos desfilam em minha mente,

Todas as lembranças e tudo que vivi.

Quantas coisas deixei de viver?

A balança cruel da justiça a me torturar.

Me entrego nas mãos de Deus,

Só ele pode me salvar.

Com sua infinita bondade,

Só ele pode me perdoar.

Minha cabeça roda no ar.

O azul do infinito me envolve por um instante,

Fico suspenso como se fosse me desprender,

Penso ainda o que tem do outro lado,

Vozes, pessoas, quero somente a Paz encontrar.

Entre a dor e a saudade

Os dias passam em melancolia.

Ah! Quanto é bom a saúde e a alegria,

Mesmo que por um breve momento,

Poderia ter aproveitado para beijar-lhe a face,

Reconhecer em vós o meu grande amigo,

Minhas saudades e o meu último Adeus!

(a um irmão que está de partida)