A gata e a pomba
Dizem todos em bom tom
Nada é mais azedo
Do que uma segunda-feira maltrapilha
Daquelas que nem o sol vem cobrir
Morre e mata de frio
Não é todo dia, ouvi dizer
Posso ser otimista
E acordar só para o jantar
Fazer a mesa às pressas
Me jogar de volta para o dia seguinte
Mas pouco a pouco
O corpo se espalha como lama
Lento e preciso
Tanto quanto as horas que ainda restam
Harmonizando devagar a loucura e a decepção
Pobre jovem desiludido
Apaga as luzes para fazer noite
Mas se esquece do brilho enorme
Que o pensamento incendeia pelos olhos
Fazendo segunda pela casa inteira
A gente daqui te orienta
Procura relevar dos imprevistos
E ver que a coisa é melhor do que parece
A gata e a pomba, juntas
Como eu imaginei