Poema dos Nomes Esquecidos I

Não me lembro bem de todos

quando muito me lembro de alguns

e estes já bastam pra me fazer chorar...

Há lugares que conheceram meus pés

mas o tempo foi andando devagarzinho

e acabou nem deixando suas marcas...

Existiam pesadelos que eram sonhos

águas muitas, casas voadoras, escadas amigas

mais que os remédios mais ruins

ou as agulhas que me faziam chorar...

A insistência do meu velho era grande

ir com o tempo mau atravessar o mar

e a grande cama que acabei voando...

Era uma ponte do rio para ser atravessada

e muitas luzes acesas e muitos barulhos

e a sua grande maioria já foi toda embora...

Lembra-se daqueles suspensórios, Zezé?

ficamos tão bonitos e tão iguais e tão diferentes

para aquela esquecida festa de casamento...

O menino segurava um radinho de pilha

e o outro se despediu sob uma árvore

e uma ponta de saudade ainda dói no peito...

Eu era quase leve e andava sobre teus pés

e a escuridão daquela casa antiga e grande

povoará minhas retinas até o final dos tempos...

Assim era muitos e muitos e alguns nomes

que eu reparava em todas aquelas curvas

e nunca mais terei tempo de pedir perdão...

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Carlinhos De Almeida
Enviado por Carlinhos De Almeida em 29/08/2018
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