Dois estranhos

Dois estranhos

Um tanto quanto estranhos

Estranharam que a urgência

Não foi fácil de estranhar.

Parecia

que um ao outro conhecia,

que eles se encontraram

em algum outro lugar.

Ocupados,

Distantes, conectados

Separados pela tela

De um simples celular.

Só um papo,

Era só mais um contato,

E num piscar de olhos

Já estavam a conversar.

As conversas

automáticas, imersas

respondidas numa pressa

difícil de acreditar.

Dois lados,

Áudios longos, engraçados

das coisas que os dois

tinham acabado de passar.

risadas

Enchiam as madrugadas,

Tal que até a Lua olhava

E esquecia de minguar.

Indo embora

do trabalho não viam a hora

De em uma de suas folgas

Poderem se encontrar

E as palavras

entre risos, e não aspas

De seus lábios, docemente,

Poderem escutar.

Mas o estresse

que na rotina aparece

Sempre achava um jeito

De fazê-los desmarcar.

Vez ou outra,

Uma voz um pouco rouca

Como a de uma pessoa

que acabara de chorar.

Besteira,

só uma gripe passageira,

Não é nada demais

Nada para se preocupar.

Só que às vezes

Tentando dias, meses

Esconder alguma coisa

A gente acaba por mostrar.

E a agonia

que de mim ela escondia,

Ela nem sequer sabia

Que me era familiar.

De repente,

um dos dois ficou ausente

e o outro do outro lado

só ficava a esperar.

As manhãs,

Novos, velhos amanhãs,

Se tornaram como os ontens

antes de ele a encontrar.

Com o tempo

um e outro contratempo

fez a longínqua distância

Entre eles aumentar.

E tão cedo

quanto os dois perderam o medo,

apagaram as mensagens

E pararam de se falar.

Esses dias

Escrevendo poesias,

Um número diferente

Começou a me chamar.

A saudade

entre nós mandou mensagem:

alguém vai responder

ou só vai visualizar?

Marco Fabricio
Enviado por Marco Fabricio em 27/01/2019
Código do texto: T6561033
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